Translate

sábado, 14 de julho de 2018


A arrebentação, a respiração e o vento, os ritmos para um corpo precisando de mar,
O amor nasce muitas vezes dos dias sem futuro,
Do quanto desejávamos um diagnóstico para um corpo
O caminho para o estertor, a vibração certa do coração
O gosto da laranja, o cítrico o doce, como se pertencêssemos ao sabor.
Acolher o que antes ao peito não cabia, tanto que doía.
Ao que imaginávamos dor maior,
Se não pudéssemos resistir o mar forte ainda bate aqui e agora sem os limites do medo
Como se fossemos outra pessoa e não mais sagrasse a ferida aberta
A abrupta boca aberta que nos engolia de tudo,
O mesmo sal ainda me molha os lábios e nessa brincadeira de sabedorias, ganhamos nós
Eu sei do amor que te tenho, sem ter dito tudo, sabendo que nunca vou ler tudo também
E desvendar cada palavra soprada,
Amo-te do fundo das cadências dos meus duelos irregular de pensar,
Das sobreposições da vida sobre a morte,
Dos arpejos sutis, quase inaudíveis de Deus assoviando uma música falando do mar.
A porta entreaberta à espera do que desfaça as cicatrizes,
A querida ideia do alongamento do tempo desmanchando os espinhos aderidos à carne
Como se cada onda atravessada refizesse cada apagado capítulo de esperança
A harmonia ganhando espaços no corpo indolente, não vale a pena a lutar quando o que os afronta nos dá prazer

 Charles Burck



Nenhum comentário:

Postar um comentário