Não sei como dizer-te que minha voz te procura
Contudo que os meus dois versos são poucos
com que o poema que encerra num ponto e numa virgula
Sem ser totalmente traduzido
Uma epístola sobre as palavras curtas ao sentido
amor expandido
sobre o mar, o vento por dentro, sobre o tempo da
maresia
Um beijo que alça voo sem saber onde pousar
Um
pensamento nas espinhas dos peixes
O coração do herege que se entrega a Deus
A vida no breu onde termina o mar
Onde findam as palavras, onde eu vou te buscar nos
silêncios dos que amam
Um dia depois de morrer, quando o tempo acende o
verde
A tua face, os teus olhos de semáforo e as nossas
bocas se cruzam e ecoam
E arrancam pedaços na intenção de florir
a atenção começa a florir, quando sucede a noite
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos se cortam e se unem aos meus
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos se cortam e se unem aos meus
O sangue não fala, nem mata, nem morre
Apenas os sentidos nos levam do nada ao tudo
E a vida escolhe as palavras, e nos mata de amor
e nos fala da vida
Dos anjos, dos demônios, e das bênçãos e das heresias
do amor e dos sexo
Charles Burck