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terça-feira, 10 de setembro de 2019


Estou sentada na cozinha, enquanto o chá ferve.
Amo as coisas concretas e as arbitrárias
O açúcar mascavo me dói o dente
Descobri a tua presença em pequenos goles de arnica
e chá de cidreira
Os desconfortos dos nomes, proibi
Mas ainda me sentam ao colo, como filho ilegítimo
As bolsas de plástico, o rio azul, o vizinho ao lado dança bolero
Um assunto encerrado sem alongar as vistas já tão exaustas de esperas
Desperto do meu amor sob a chuva na calçada, os biquínis nas ruas mais profundas
Os supermercados apostam nos dias mais quentes
Vendem amores frescos em compotas,
um vinho amigo,
O meu amor é lânguido e desnecessário
Eu falei das coisas concretas, mas não minto, fiz uma estatueta cimentada com frisos dourados e carmim
Eu olho para ela, e ela olha para mim,
Por hoje é o que me basta para fugir às incertezas
Por hoje é o que basta de nós


Charles Burck










2 comentários:

  1. O chá agora servido aquece e motiva ainda mais a leitura. Poesia exigente, rica em detalhes, sinuosa e sensual. Prazer destinado aos que se propõem ver a alma exposta, aflorada, em cada linha. Grata por me permitir acompanhar e ver o mundo através dos olhos do poeta.

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  2. Obrigado Leni, um portal do mundo quântico

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