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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018



No ato do amor adormecido ficam os fatos falando de nós, o guerreiro desfalecido, caído para o lado,
Partituras dos adágios ofertados aos deuses, nascidas em céus humanos,
Alguém falou do tempo que corre e nós a corremos atrás dele,
Os poemas de hoje são feitos nos movimentos dos quadris, no vai e vem nas ancas femininas,  mas urgências de nossas precariedades
Mal sabem das transcendências que estão dentro de si, das magias das quais se afastam e perdem o contato
O homem não é o tempo que passa, o que o aprisiona,
O amor é o poema mais profundo, o que nos diz que não somos, não é a casca
Não é a falácia de uma criação parca, banal e inútil
Pobre cavaleiro que dá ao tempo as rédeas de si, quando há dentro os murmúrios da luz, o essencial além das estações,
O eu e tu, na osmose dos beijos libertando-nos das formas, o campo sono do absinto das flores, os ossos que estalam, as raízes que descobrem os vales,
O primordial senso da sempre viva a pairar entre os nossos olhos no fluxo da nossa fé ao beijarmo-nos
O paradeiro dos amantes nunca haverá de saber os relógios precisos, os que contam os mortos, os que nunca olham os céus.

Charles Burck



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