Caiu
o reboco do muro, faz tempo que eu não me cuido com intenções de vaidades
O
meu perfume é o mesmo, faz anos que a fabrica faliu,
Na
quina da casa Miss Pearls, a minha gata, ronrona, ela sempre queima os pelos na
lareira,
Mas
sempre opta pelo calor
Há
coisas que nos tomam a atenção sem pretensão alguma,
Eu
já fiz parte da crise dos tempos, dos bordeis fechados, da escuridão dos
astros,
Já
fui ao fundo do poço, já fui o poço, já fui as estrelas espelhadas na sua água
Raramente
me confundo com alguém, ou vejo nele um sinal de semelhança
Minha
menina, psicóloga de profissão, me estuda há anos e jamais conseguiu escrever
uma linha sobre essa pessoa estranha,
Mas
já me pintou em um quadro, um homem adotado pelo mundo
Os
pés inchados indo em direção ao horizonte a cabeça que não cabia na tela,
Um
coração simples, maior que uma planície,
Hoje
cai muita chuva na rua, só se lembra com saudade das águas, quem navegou muitas
ondas,
Hoje
tivemos só um dedo de prosa, sem frases longas e rebuscadas,
Quem
tem saudades da terra, ama
Não
são grandes ondas, nem enxurradas, só coisas simples, nossas, nossas conversas
De
um amor grande, como pingos de chuvas, espalhado por um longo campo a perder-se
de vista, mas de onde não se vê o todo
Charles
Burck
Nenhum comentário:
Postar um comentário