Nesse diário há mil rabiscos de compaixões, algumas
com olhos meigos
Estendendo-me os braços como quem soubessem tudo de mim
Estendendo-me os braços como quem soubessem tudo de mim
Eu poderia apagar tantas recordações, ou rasgar
folha por folha, porém, sem jamais negar-me
Contudo a insaciável sede de conhecer-me pede mais,
Mas o silêncio é certo, as há silêncios demais, e
escrevo para me ouvir falar,
Por isso
escrevo, engolindo a solidão
não estou só, há litorais acolhendo ventos, há o
amor, pássaros alusivos às antigas histórias quando todas as mulheres tinham em mãos, as
maçãs
e as raízes se juntavam penetrando os corpos nus
Porém trago
as minhas mãos vazias.
Estranho para quem passou a vida esperando,
Estranho para quem passou a vida esperando,
Não querer tocar outras mãos
Apressa-te pois, as primaveras não esperam as
flores tardias,
Não demora então, a saudade é uma boca imensa
engolido tudo,
As pálpebras, os olhos, o olhar, o mar, a estrela
caída, o constelação,
a infância o
muro, a pena, o pássaro
O diário, as folhas
E quando perguntares por mim, dirá, que eu já me
fui
Charles Burck
The Silence - Edward Miller
Nenhum comentário:
Postar um comentário