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terça-feira, 23 de outubro de 2018


Nesse diário há mil rabiscos de compaixões, algumas com olhos meigos
Estendendo-me os braços como quem soubessem tudo de mim
Eu poderia apagar tantas recordações, ou rasgar folha por folha, porém, sem jamais negar-me
Contudo a insaciável sede de conhecer-me pede mais,
Mas o silêncio é certo, as há silêncios demais, e escrevo para me ouvir falar,
 Por isso escrevo, engolindo a solidão
não estou só, há litorais acolhendo ventos, há o amor, pássaros alusivos às antigas histórias  quando todas as mulheres tinham em mãos, as maçãs
e as raízes se juntavam penetrando os corpos nus
 Porém trago as minhas mãos vazias.
Estranho para quem passou a vida esperando,
Não querer tocar outras mãos
Apressa-te pois, as primaveras não esperam as flores tardias,
Não demora então, a saudade é uma boca imensa engolido tudo,
As pálpebras, os olhos, o olhar, o mar, a estrela caída, o constelação,
 a infância o muro, a pena, o pássaro
O diário, as folhas
E quando perguntares por mim, dirá, que eu já me fui

Charles Burck





The Silence - Edward Miller 


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