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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O outono guardará as folhas lilases novas e sementes adormecidas para o próximo ano
E os pássaros cantarão adiantados os sons vindouros
Retirando as mordaças dos homens e curando as meninas mutiladas,
E as primaveras estarão sarada
E flores feridas, sem cicatrizes, 
E as tribos do sol brincarão na chuva e darão asilo aos velhos sonhos
E colo às velhas senhoras
E os catadores de silêncios dirão, bem vinda as tuas vozes
E nascerão estrelas onde a noite semeava solidão
E leitos de linhos e sedas, onde os estéreis verões indicavam aos amantes as estações de esperas no meio do nada.
Charles Burck.

patrick gonzales

Pensava eu que podia tudo beber para que a sede não viesse se postar à minha porta,
Sou um ser estranho, mas amo ao meu jeito entocado,
E fecho a porta, depois apago a luz e olho em baixo da cama, e no meio do escuro a inocência de olhos grandes a boca assustada, me mira perdida na noite
Como se tivesse cheirado a verdade dos homens
E acordado num mundo sem sonhos
As crianças desenharam o sol no chão e os gigantes pisaram, e cuspiram e apagaram os desenhos infantis,
A moça de blusa rosa cobriu o rosto com mascara e mordeu a maçã mais vermelha e adotou um anjo para nutrir os seus desejos mais sádicos,
Somos todos dotados de lâminas, garras e dentes caninos,
A venda nos olhos e os sexos expostos na feira de rua,
A sede nos bebe e a fome nos come, e comemos e bebemos uns aos outros,
A minha memória havia um tempo de esquecimento, mas o chip queimou e assisto tudo impassível, da janela da sala cujo fecho emperrou

Charles Burck






E quando a chuva bate forte, as mulheres correm para pegar as roupas
E as moças riem da luz molhada, e do desvelo das velhas senhoras
E eu escrevo, primeiro sozinho, depois mais sozinho,
E desenho um silêncio perfeito na página vazia,
O que me falta se nada tenho,
Como escrever de trás para frente se foi mal o final e o inicio pior?
A trama toda são as pálpebras costuradas
A boca imersa na água salobra
E agora chove sal, e as moças desnudas dançam na lama,
E se vestem de cinza e ganham escamas,
E as loucas arrumam as roupas nos varal e pintam os lábios e esperam com as bocas roucas os beijos que prometidos pelos anjos,
Mas no centro da coisa toda, estão as roupas que esperam as moças castas, mas há raras moças para poucas roupas caras
Mas alguém que quer qualquer coisa, grita,
Hoje tem chá de picão roxo e canela rosa,
Anis estrelado no vinho tinto,
Se eu disser, noite estrelada e lua, eu minto,
Mas uma caneca de caldo quente com roscas de chuva, eu tenho,
Só tenho medo das moças nuas esfregando as partes nas janelas
Se quebrarem os vidros, vão-se os encantos e o frio tomara conta de tudo e vestira de negros as viúvas virgens que chorarão a falta dos maridos perdidos nos temporais
Mas se eu disser que somos amigos, creia no dito, venha para minha cama e durmamos de concha, sem os fitos da impaciência, apenas o contato da pele para liberar as energias excessivas, e aliviar os tormentos e as angustias elétricas acumuladas nos membros
Sem a sofreguidão de sentir a carne, morder os ossos e sugar as carências úmidas,
Apenas dormir amistosamente, contornar o amor e suavizar o sono

Charles Burck




Lua, lua, sereia dos seios pequenos,
Diz o dito, que mamilos que cabem nas conchas,
São os gemidos vêm nas ondas,
 Os olhos me cobram, riscos os fósforos das estrelas para iluminar as rochas
E as chamas ardentes dos desejos, iluminam as praias longas 
Reclamam o atributo do tempo, as horas loucas
“Pegue-lhe os seios então, nos contornos das mãos,
 Nos atos de ternuras, no ajeito dos peitos,
Nos contornos dos lábios
No feitio da boca”

Charles Burck


Victor Nizovtsev 

sábado, 3 de novembro de 2018


O apocalipse sentou-se no meio da estrada, para dar um descanso
Você tem o dom de me conceber felicidade
Tiramos as roupas agora mesmo, aqui
Façamos amor enquanto a vida estanca
Mas o amor nunca se cansa, nunca,
Vejo-o sentado também
A dialogar com o tempo, com os combatentes
 e o caos do mundo
Nesse prelúdio da guerra só queremos um minuto
Um intervalo, a paz de sermos infinitamente felizes



Charles Burck 
even liu



A pipa não sabe voar, mas voa
Assim o  sol não pede licença às flores e as come,
A flor é uma coisa cega 
Uma costura de pregas no seio da terra
Uma foto grávida de sementes
A ausência de coisas más, que fugiram dos olhos
Escrevi um poema quando risquei um fósforo,
Quando chamei o teu nome numa noite insone
Há pesadelos maiores quando acordamos
Se não houvesse amor não havia poemas e no lixo não reciclado se  esconderiam as palavras descartas nas vidas sem romances
Tudo seria descartável
Tudo seria uma frágil memória do tempo
Que morreria a cada nascer do dia

Charles Burck 








Contra manifesto, à proposta antidemocrática do #poetas não e pelo fim de clausulas de barreiras ao amor

#sim aos poetas


Amar extrapola a compreensão, não é causa exclusiva à razão,
É uma dimensão não contida à critérios de qualificação
Ama-se apenas, amar não é substância de deter a alma, já que a alma exala o que contem
Ama-se do substrato ao todo, os olhos que contêm o universo, o universo que nos vaza dos olhos
Ama-se apenas,
 o amor não ultraja ninguém, nem o poeta detêm o que ama, nem faz resumo de amor ao que acaba o livro, mas faz prólogo aos livros que ainda nem foram escritos
Não se transige ao amor, quem assim pensa, crê que ao que se ao amar a rosa, que o jardins perdem as suas cores, crer que se fecha as janelas às nuances de azul,
Amar é um universo mais amplo aos entendimentos nossos, é um fluxo que não exclui ninguém,  
Se a culpa é dos poetas por amar a todos  extinga-se o amor e parem de escrever poemas

Luis Frutos_