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terça-feira, 11 de dezembro de 2018


Pensava eu que podia tudo beber para que a sede não viesse se postar à minha porta,
Sou um ser estranho, mas amo ao meu jeito entocado,
E fecho a porta, depois apago a luz e olho em baixo da cama, e no meio do escuro a inocência de olhos grandes a boca assustada, me mira perdida na noite
Como se tivesse cheirado a verdade dos homens
E acordado num mundo sem sonhos
As crianças desenharam o sol no chão e os gigantes pisaram, e cuspiram e apagaram os desenhos infantis,
A moça de blusa rosa cobriu o rosto com mascara e mordeu a maçã mais vermelha e adotou um anjo para nutrir os seus desejos mais sádicos,
Somos todos dotados de lâminas, garras e dentes caninos,
A venda nos olhos e os sexos expostos na feira de rua,
A sede nos bebe e a fome nos come, e comemos e bebemos uns aos outros,
A minha memória havia um tempo de esquecimento, mas o chip queimou e assisto tudo impassível, da janela da sala cujo fecho emperrou

Charles Burck





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