Estou
sentada na cozinha, enquanto o chá ferve.
Amo as
coisas concretas e as arbitrárias
O açúcar
mascavo me dói o dente
Descobri a
tua presença em pequenos goles de arnica
e chá de
cidreira
Os
desconfortos dos nomes, proibi
Mas ainda
me sentam ao colo, como filho ilegítimo
As bolsas
de plástico, o rio azul, o vizinho ao lado dança bolero
Um assunto
encerrado sem alongar as vistas já tão exaustas de esperas
Desperto do
meu amor sob a chuva na calçada, os biquínis nas ruas mais profundas
Os
supermercados apostam nos dias mais quentes
Vendem
amores frescos em compotas,
um vinho
amigo,
O meu amor
é lânguido e desnecessário
Eu falei
das coisas concretas, mas não minto, fiz uma estatueta cimentada com frisos
dourados e carmim
Eu olho
para ela, e ela olha para mim,
Por hoje é
o que me basta para fugir às incertezas
Por hoje é
o que basta de nós
Charles
Burck