Faz tempo que eu me fui
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segunda-feira, 20 de junho de 2022
ficam-me coisas por fazer
Senti no peito a pulsar um voo da ave
ao partir, estendi a mão aos céus,
Faz tempo
Ainda dorme em mim os sentidos das almas, dos corpos colados
Dos líquidos dos lírios que não quiseram ir embora
Colhi a laranja para sentir o perfume
Contei às estrelas sobre a tua luz, mas não consegui ficar
as águas tranquilas se empoçaram, a sede ficou maior, colhi as flores e pus num vaso,
Deus é largo,
O mundo é raso,
Dos teus olhos profundos me despedi
Não saciei os meus amores, nem expus os meus desejos
Ao partir, ficaram-me coisas por acabar,
Dormimos sem sonhos inteiros
Não sei como fazê-la sentir-me
Não sei quando despertarei novamente
quinta-feira, 14 de abril de 2022
Em qual canto dos teus olhos me guardas?
Qual uma semente semeada antes do tempo a não aprofundar raízes
A ave que guarda na memória
a distância do tempo
Qual tempo te sou hoje
Tenho todo céu azul para
te escrever
A pele suave do anjo,
plantei uma orquídea
A vida que toca uma mesma
música para dançarmos coisas diferentes
Na terra dos mortos um
sorriso nos traz alegrias
Era uma lembrança
Um jeito manso de gostar
Um tempo à espera do tempo
Charles Burck
quarta-feira, 13 de abril de 2022
No egoísmo das tantas bocas abertas retribuo com beijos,
não sei tantos nomes assim a quem amo
e não me vejo a não ser em ti
não significas nada, disseste-me um dia
e te fostes,
e no dia seguinte voltastes para me repetir a frase
e assim todos os dias outros, e todos os dias mais
Como uma grande miragem ainda estas a repetir-me
Talvez seja grande a vontade de dize-me, te amo
e vejo que a cada volta tua dizer-me sim o que não sabes dizer,
mas digo-te que ficas em mim, e digo por nós dois
Amo-te o tanto quanto me traz a noite as contas que devo
Os risos não meus que me confortam
A distância imensa dos braços que um dia souberam me dizer o quanto precisaram de mim
No que me calam na boca os beijos que a saudade vive a repetirr
Sinto ter que escrever o que não pode acontecer,
Sinto ter que escrever o tanto quanto não posso esperar
Quem sabe seja essa a melhor dimensão do que se possa sentir
A medida da solidão e da dor
Os contextos onde os olhos se deitam para esquecer e não para sonhar
Trago-te no olhar, aparição extraordinária
Quantas coisas tateei enquanto era cego,
Imaginei um dia seco, onde as chamas se alastram,
Caminharei por entre o fogo,
E deixarei queimar o meu coração limpo,
Onde assim me venha a luz da lamparina,
Que me guie até a próxima clareira,
Desse amor certo e genuíno,
Onde de nós faça sentido,
Ao dar-me a mão, às minhas, às vezes tão exaustas,
A guiar-me por essa nova estrada,
Por onde eu vista minha última roupagem
A última
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