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segunda-feira, 20 de junho de 2022

 Faz tempo que eu me fui

ficam-me coisas por fazer
Senti no peito a pulsar um voo da ave
ao partir, estendi a mão aos céus,
Faz tempo
Ainda dorme em mim os sentidos das almas, dos corpos colados
Dos líquidos dos lírios que não quiseram ir embora
Colhi a laranja para sentir o perfume
Contei às estrelas sobre a tua luz, mas não consegui ficar
as águas tranquilas se empoçaram, a sede ficou maior, colhi as flores e pus num vaso,
Deus é largo,
O mundo é raso,
Dos teus olhos profundos me despedi
Não saciei os meus amores, nem expus os meus desejos
Ao partir, ficaram-me coisas por acabar,
Dormimos sem sonhos inteiros
Não sei como fazê-la sentir-me
Não sei quando despertarei novamente


Charles Burck




Imagem de Wilson Costa tirada em 1990 em Rio Novo MG



quinta-feira, 14 de abril de 2022

 

Em qual canto dos teus olhos me guardas?

Qual uma semente semeada antes do tempo a não aprofundar raízes

A ave que guarda na memória a distância do tempo

Qual tempo te sou hoje

Tenho todo céu azul para te escrever

A pele suave do anjo, plantei uma orquídea

A vida que toca uma mesma música para dançarmos coisas diferentes

Na terra dos mortos um sorriso nos traz alegrias

Era uma lembrança

Um jeito manso de gostar

Um tempo à espera do tempo

 

Charles Burck



 

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022




A arte de Charles Burck 


 Arte - Charles Burck 



 No egoísmo das tantas bocas abertas retribuo com beijos,

não sei tantos nomes assim a quem amo
e não me vejo a não ser em ti
não significas nada, disseste-me um dia
e te fostes,
e no dia seguinte voltastes para me repetir a frase
e assim todos os dias outros, e todos os dias mais
Como uma grande miragem ainda estas a repetir-me
Talvez seja grande a vontade de dize-me, te amo
e vejo que a cada volta tua dizer-me sim o que não sabes dizer,
mas digo-te que ficas em mim, e digo por nós dois


colagem de charles burck

 Senta-te, agora, ao alcance dos meus olhos, e compensa-me os dias de tantas esperas


Charles Burck







 Já morri de tanta coisa

Quanto a mim morro-me de ausência
Já morri de silêncio. De ausência,
De não te possuir
E eu nunca no tempo te esqueci
Por que eu não, me perguntas
Não havia tempo para eu morrer tantas vezes



Imagem de Charles Burck